Rica Casinha

O dia-a-dia deste mundo....

28 março 2011

O presidente Lula

veio a Portugal, e foi ontem jantar com José Sócrates e Mário Soares, uma oportunidade informal para uma conversa entre dois ex-Presidentes de Repúblicas e um Primeiro-Ministro que está prestes a ser demitido. Ora o Presidente Lula, por saber que o país do lado de cá do Atlântico está com graves problemas económico-financeiros, veio ajudar o PM Sócrates, dizendo que Portugal deve evitar a vinda do FMI, porque eles nunca vêm resolver nada, vêm antes criar ainda mais problemas. Recomendou porém, que pedissem ajuda aos amigos europeus.
Ora a ajuda que os países europeus podem dar é sem dúvida uma solução, mas que passa também pelo FMI, condição que o ainda PM de Portugal apoiou, e não se ouviu vozes contra na altura, ao ter-se incluído o FMI no Fundo Europeu que ajudará os países que requisitem essa ajuda.
Não se espera que o Presidente Lula saiba tudo o que se passa na Europa, mas espera-se que o PM de um país não minta de forma descarada (eu sei que ele detesta que lhe digamos que ele mentiu, por isso vou corrigir e digo antes que ele faltou à verdade). Se Portugal precisar de ajuda (há muito que recebe ajuda do BCE, caso contrário não teria conseguido emitir divida), vai com certeza pedir ajuda aos amigos europeus, e estes, por sua vez, pedirão ajuda ao FMI... gostava que alguém me explicasse por A+B (isto sem usar esquemas manhosos como apelos à desgraça, e sentimentos de derrota pessoal, e perdas de independência, e não sei mais o quê, por isso usem mesmo factos, e consequências reais) qual a diferença entre pedirmos ajuda aos amigos europeus, e andarmos aqui a atabalhoar medidas de austeridade, atrás de medidas de austeridade, com os ratings sempre a cair, e os juros sempre a subir...

27 março 2011

E vamos vivendo, de buraco em buraco...

Após o pedido de demissão do Governo (que ainda não foi aceite) tivemos um pequeno período em que "gradas" figuras da nação apelavam a que o Presidente da República exigisse uma auditoria às contas públicas para que se soubesse antes das eleições qual a verdadeira situação do país, e não acontecesse o que aconteceu após a vitória de Durão Barroso e de José Sócrates, que exigiram essa auditoria quando tomaram posse e descobriram, cada um, buracões nas contas públicas, o que lhes deu a possibilidade de não cumprir metade do que se propuseram fazer, e exigir sacrifícios aos portugueses.
Ora tudo isto parecia lógico, até demais, mas vai-se a saber e surge, pouco tempo depois, uma panóplia de autoridades contra esta auditoria, com medo que se descubram mais buracos nas contas e que isso traga mais instabilidade ao país. As instituições europeias (a Merkel incluida) têm receio que se encontre buracos e isso prova a incapacidade das instituições europeias em controlar as finanças dos seus estados-membros. Inclusive o Presidente da República parece não estar interessado nesta auditoria.
E agora questiono eu: se, mais cedo ou mais tarde, o verdadeiro estado das contas públicas vem a ser público, com as consequências que isso acarreta; se um governo em gestão pode tomar todas as decisões que forem necessárias para gerir o país (interpretação lata da Constituição da República Portuguesa) e acredito que contará com o apoio de alguma oposição se isso salvar o país; porque raio não se faz uma auditoria já, para evitar surpresas futuras? Não sei, devo andar (eu e mais algumas pessoas) muito enganado relativamente à melhor forma de gerir um país. Mas isso sou eu que ainda sou jovem e não conheço o mundo como ele deve realmente ser... Baseei-me nisto para escrever este post.

24 março 2011


Agência
S&P Fitch



AAA
AAA



AA+
AA+



AA
AA



AA- Mar-10 AA-



Jan-10 A+ Dez-10 A+



A
A+


Abr-10 A- Mar-11 A-



BBB+
BBB+


Mar-11 BBB
BBB+



BBB-




BB+


É esta a evolução do rating da dívida soberana de Portugal, desde o início de 2010 até aos dias de hoje.
Admito que a demissão do Governo pode ter influenciado a queda de dois níveis nas 2 agências de rating (falta a moody's). Então mas se estava tudo a correr tão bem, como é possível tantas reduções de níveis desde Janeiro de 2010? Só o Governo sabe...

13 março 2011

Time to change...

Chegou a hora da mudança...

O Senhor Ministro das Finanças, em nome do Governo, anunciou na passada sexta-feira um novo pacote de medidas de austeridade, para conseguir com isso dar sinais aos mercados e aos agentes políticos europeus, de que está empenhadíssimo em equilibrar as contas do país. BASTA!
Depois de se vangloriar com os "excelentes" resultados dos indicadores económicos e de execução orçamental; depois de afirmar de cada vez que se aprovou um novo pacote de medidas de austeridade que seria suficiente e não seriam precisas novas medidas, isto repetido pelo menos 4 vezes desde que tomou posse; depois de ouvir o discurso do Presidente da República e responder que este se esqueceu de referir a crise internacional (sim, porque antes da crise isto era um mar de rosas); depois de manter em execução e em planeamento projectos faraónicos que nunca trarão um retorno positivo ao país, como pode um país continuar a acreditar neste Primeiro-Ministro, e no Governo que dirige?
A manifestação do passado Sábado, identificada com a "Geração à Rasca", trouxe para a rua centenas de milhares de crianças, jovens, adultos e idosos que estão descontentes, revoltados e sentem-se insultados com o rumo que leva o país. Não podemos ser demagogos e achar que o país está bem, e que não precisamos de equilibrar as contas do país, como acham alguns. Mas o que é certo é que só com uma visão estratégica para o país, virada para o investimento em sectores produtivos e altamente geradores de riqueza, podemos continuar a acreditar num futuro de sucesso para o país.
Queremos a verdade, mostrem-nos a verdade, revelem o verdadeiro estado do país. Não se escondam atrás dos números, fazendo-nos crer que tudo está bem, à semelhança do que tem sido feito desde que este Primeiro-Ministro tomou posse no seu primeiro Governo. Mas não nos peçam mais apertos de cinto, venham eles de que partido vierem, sem reduzir verdadeiramente o peso do Estado na economia.
Sejam rigorosos, exigentes, justos e digam o que querem do país.
Há muito que se definiu para o país a imagem do rendimento mínimo: todos devem ter direito a um rendimento, mesmo que o país não seja capaz de gerar riqueza para garantir esse rendimento a quem não produz. É óbvio que quem não trabalha porque não pode, ou não consegue arranjar trabalho, deve ser apoiado, mas como se pode exigir a um trabalhador que se empenhe e gere riqueza, se o seu vizinho, não trabalha porque não quer, está em casa e tem uma vida muito mais folgada porque o Estado lhe disse que isso era possível, garantindo-lhe um rendimento?
Acabem com o clientelismo, com os tachos, com os boys e com os favores. Iniciem o mais rápido possível o processo de regionalização, onde os nosso dirigentes regionais sejam eleitos democráticamente, e tenham verdadeiro poder de decisão, em vez de serem escolhas totalmente políticas, e muitos sem qualquer poder de decisão, sendo apenas sorvedouros de dinheiros públicos sem qualquer efeito prático. Iniciem um processo de reforma administrativa do país, verdadeiro, apostando no equilíbrio entre municípios, com redefinição das receitas destes, que provenham substancialmente do investimento, da produção de riqueza e do consumo, em vez do sector imobiliário, como tem sido até hoje.
Apostem em verdadeiros serviços públicos, definindo os critérios em que estes se devem basear, mas entreguem-nos à gestão privada. Para que nos serve uma empresa pública de transportes ferroviários, se grande parte das linhas estão a encerrar, e só nos restam pouco mais do que as linhas do litoral do país? Para que queremos nós uma televisão pública, se podemos definir um serviço público de televisão, e entregá-lo a quem o fizer pelo preço mais baixo, fiscalizando obviamente a sua execução?
Porque se exige tanto à educação privada, ao nível de condições infra-estruturais, docentes, auxiliares, e tantas outras coisas, se no público nada disto é exigido, não há qualquer tipo de controlo e ainda hoje não se sabe o verdadeiro custo por turma ou aluno do serviço público?
E é mau termos empresas que dão lucros com a EDP, a Galp, ou outras? Obviamente que não, antes fossem todas a dar lucros. Mas não podemos dar lucros, e ser um mau exemplo de serviço público ao país. Pior são os casos das empresas que dão prejuízo, onde os seus administradores recebem salários elevadíssimos, e muitos recebem ainda prémios pelo "menor prejuízo".
Somos um país que há muito apostou no crescimento da riqueza do bolso de alguns, nunca apostando verdadeiramente na criação de empresas produtoras de bens ou serviços, com potencial exportador, e posteriormente na sua reformulação e adaptação, tornando-as competitivas para que se afirmassem no mercado pelo seu carácter inovador, e nunca pelos baixos custos de produção, sobretudo pelos baixos salários.
Por tudo isto, e por tanto mais, está na hora de mudar. Está na hora de apostar num verdadeiro caminho de crescimento e sucesso. Acabar com o Estado gastador sem retornos é a solução. Apostar num Estado que seja um meio e não um fim é o caminho. O Estado deve garantir que haja condições infra-estruturais, legais e políticas para que as pessoas apostem e invistam no seu país, criando riqueza e trabalho. Um dia um grande sábio disse que havia vida para além do défice. E foi a maior asneira política de sempre, que levou o país ao estado em que está. Se nessa altura se tivesse equilibrado as contas públicas de forma verdadeira e sustentada, hoje viveríamos com certeza numa situação melhor, e a vida além do défice seria bem melhor.
E termino esta "pequena" reflexão relembrando uma mensagem que vi este Sábado expressa num dos cartazes da manifestação da "geração à rasca": Sócrates, mete a austeridade no teu pacote".