Rica Casinha

O dia-a-dia deste mundo....

19 abril 2011

Os políticos

"É conhecida a habilidade de Marinho e Pinho para asneirar. Desta vez, sempre em busca do seu minuto mediático, deu-lhe para apelar a uma “greve à democracia” como forma de “punição pela mediocridade e incompetência dos políticos portugueses”. Reparem bem: o mesmo bastonário que defendeu apaixonadamente o primeiro-ministro José Sócrates nos últimos anos vem agora dizer que a culpa do buraco onde nos meteram é de uma entidade abstracta chamada “políticos”.

A tese não é original. A novidade é que saltou da conversa de café para a lógica de certos comentadores, que em vez de reconhecer os erros, preferem falar nos “políticos”, como se todos tivessem assento no conselho de ministros, como se todos fossem responsáveis, desde o presidente de junta à oposição.

Vamos lá pôr nomes às coisas. Sabemos quem nos governou nos últimos anos. Há nomes e rostos. José Sócrates, Teixeira dos Santos, Silva Pereira, Santos Silva, Mário Lino, Manuel Pinho, entre outros. Foram estes “políticos” e não outros que tiveram o poder executivo durante oitenta meses, grande parte com maioria absoluta. Foram estes “políticos” que negaram a realidade, garantindo que estava tudo bem, sem conseguir inverter a espiral de endividamento.

Perante esta amnésia colectiva vale a pena recordar os factos: 620 mil desempregados, uma pobreza galopante, uma economia em recessão em contra-ciclo com a Europa, défices gigantescos em 2009 (10%) e 2010 (8,6%), a pior dívida pública dos últimos 160 anos, uma classe média endividada, mais impostos, emigração em massa, mais crime, mais divórcios, funcionários públicos desmotivados, a terceira pior taxa de abandono escolar da OCDE.

É esta a nossa realidade. Uma realidade que nos quiseram ocultar durante anos, confundindo o governo do país com uma gigantesca agência de marketing, até acordarmos sem dinheiro para salários e com o FMI a bater à porta.

Por tudo isto, as próximas eleições são muito mais do que um Benfica-Sporting entre partidos. Se aqueles que nos levaram ao buraco não forem penalizados é a sanidade do sistema que está em causa. Uma democracia onde quem governa não é responsabilizado pelos resultados é uma democracia doente, talvez mais do que pensávamos. Será o pagode generalizado, um novo “case-study” da ciência política.

Dir-me-ão que a alternativa tem defeitos e falhas. Falam-me das listas, dos interesses, do aparelho. Reconheço que sim. Mas é essencial inverter o caminho que nos conduziu à bancarrota. Um caminho de ilusão, onde se prometem mais empregos, choques tecnológicos, novas oportunidades, magalhães, cheques-bebé e uma falsa modernidade feita de causas fracturantes que quebram ainda mais o nosso tecido social.

A responsabilidade, tal como a vergonha, tem nomes e rostos. Quem nos conduziu a esta situação humilhante, quem nos amarrou a uma dívida astronómica, deve prestar contas. Para isso servem as eleições. A culpa não pode morrer solteira. Isso sim seria fazer greve à democracia."

Paulo Marcelo, in Diário Económico 19-04-2011

Ser do contra...

É mais fácil ser do contra do que ser a favor. Até porque assim nunca se tem uma posição sobre nada, é-se do contra. Ponto.
Sou contra o estado a que o país chegou, sou contra as medidas de austeridade para tirar o país do estado a que o país chegou, sou contra a flexibilização do mercado de trabalho, sou contra a chanceler Merkel, sou contra os impostos, sou contra os cortes nas despesas, sou contra os mercados, sou contra os juros, sou contra os ratings, sou contra os pedidos de ajuda externa, sou contra o FMI, sou contra o Presidente da República, sou contra conversas, sou contra tudo, num resumo mesmo curto.
E afinal sou a favor do quê? Sei lá, só sei que sou do contra.
No meio disto há quem acredite que isto é que é ser patriótico. Há até quem ache que ser do contra é bom. E então uma solução? Já que sou do contra devo ter uma solução contrário a isto... Pois devo, mas também sou contra a haver soluções, por isso...

Que não se queira negociar com a "troika" (de todas as palavras de origem russa que conheço, esta é sem dúvida a melhor) até aceito. Que não se aceite reunir com eles para dizer isso, ou dizer quais são as suas opções, isso já não aceito. A esquerda parlamentar portuguesa decidiu excluir-se de ajudar o país, e ajudar o país não significa necessariamente fazer acordos com a "troika", mas pelo menos podiam conversar com eles... são opções!

14 abril 2011

A política é uma arte Nobre

"Se o Dr. Fernando Nobre acha que é mais útil para o país nas listas do PSD do que em casa de pantufas, então acho bem." (Nilton)
Foi com esta reacção do mandatário para a juventude da campanha presidencial do Dr. Fernando Nobre realmente tomei uma posição sobre a escolha de Fernando Nobre para encabeçar a lista do PSD por Lisboa, e com isso ser o candidato do PSD à Assembleia da República.
Obviamente que sendo o Dr. Fernando Nobre um homem apartidário, podendo ter uma visão da melhor orientação política que um país pode ter, terá com certeza muito mais interesse em apoiar alguém que ajudará o país e que resolverá muitos dos seus problemas, do que ficar em casa, à espera que alguém faça um trabalho que ele próprio pode e vai fazer.
Não tinha o PSD candidatos "senadores" dentro do seu partido, ou na sua esfera de "independentes" com mais conhecimento da realidade da Assembleia da República para ser o candidato à presidência desse órgão? Obviamente que tinha. Mas anda meio mundo descontente com os aparelhos partidários e os jogos de interesse, e quando um decide escolher alguém que foge a esse linha, é logo o fim do mundo... mas isto tem alguma lógica? Obviamente que não. Parece que aqueles que o apoiaram tinham todo o interesse em que ele não chegasse a qualquer cargo político, porque agora que tem sérias possibilidades de lá chegar, é porque só quer o "tacho".
Mas se ele não se identifica com as ideias do PSD, como é que aceita estar nas suas listas? Ele já respondeu por isso: é candidato pelo PSD, acredita que Passos Coelho quer fazer alguma coisa para mudar o país para melhor, mas caso não seja eleito presidente da Assembleia da República, renunciará ao cargo de deputado. E com isto diz tudo. O Presidente da Assembleia, não pode esquecer a sua orientação política, mas tem que manter a independência essencial à condução dos trabalhos, por isso, não terá que renunciar àquilo em que acredita.
Eu nem vejo mal nenhum um partido se candidatar já com alguns candidatos a cargos como a Presidência da AR, ou porque não, a ministros. Assim as pessoas já sabiam em quem iriam votar para os governar, e não ser apanhado de surpresa após as eleições (Santos Silva a ministro da Defesa, foi um caso).
Fernando Nobre pode não ter sido uma escolha que recolha a unanimidade interna e externa no partido, contudo é uma opção que não foi escondida, e se muitas vezes o PS acusa o PSD de ter uma agenda escondida (é tão bom inventar problemas quando eles não existes, mas o PS não tem agenda escondida porque todos já viram do que eles são capazes de fazer, ou não fazer), neste caso o PSD mostrou ao que vai: não seremos só nós, não será apenas o partido a ir a votos. Queremos mais, queremos caras novas, não queremos ir a votos e ganhar por ganhar. Queremos ganhar, para mudar o país.
Nestas eleições a decisão é escolher entre mais uma série de anos de má governação (o passado não o deixa mentir) ou então escolher por uma nova visão para o país. O futuro não vai ser fácil, mas vai ser com certeza mais real e com mais dinamismo do que foi até hoje.

12 abril 2011

Ora bem: o PS e o Governo querem dizer agora que o presidente do PSD tem mau feitio porque afinal ele até falou pessoalmente com o Primeiro-Ministro, e não só por telefone, sobre as medidas do PEC.
Sim, o PM telefonou ao presidente do PSD para ele ir lá a casa para lhe apresentar o PEC IV. Um PEC que já estava definido, já tinha sido aprovado pelas instituições europeias, não ia ser negociado, e dois dias antes não tinha sido considerado preciso durante a apresentação da Moção de Censura do BE. Não era para negociar, nem para falar sobre o assunto. O PM só queria apresentar aquilo que dias antes dizia não ser preciso.
E o engraçado é que ninguém até hoje tinha falado dessa ida a S. Bento, porque, obviamente não acharam que traria qualquer relevância ao caso. O presidente do PSD lá disse numa entrevista que tinha ido a S. Bento (era escusado tocar nesse assunto, se se tinha entendido não falar nisso logo no início). E o PS vá de aproveitar logo com dois grandes senhores (vá, o Assis até é bom rapaz, agora o outro... enfim...) a dizer que afinal o Governo até quis falar pessoalmente com o Presidente do PSD.

Eu gostava de saber o que andou a fazer o Governo nestes últimos anos, para deixar o país no estado a que chegou... E a comunicação social está a jogar o jogo do PS e do Governo... o que lá vai, lá vai... e de quem é a culpa...? Do PSD, obviamente, porque não deixou o PS continuar a estragar o país...