Rica Casinha

O dia-a-dia deste mundo....

13 março 2011

Time to change...

Chegou a hora da mudança...

O Senhor Ministro das Finanças, em nome do Governo, anunciou na passada sexta-feira um novo pacote de medidas de austeridade, para conseguir com isso dar sinais aos mercados e aos agentes políticos europeus, de que está empenhadíssimo em equilibrar as contas do país. BASTA!
Depois de se vangloriar com os "excelentes" resultados dos indicadores económicos e de execução orçamental; depois de afirmar de cada vez que se aprovou um novo pacote de medidas de austeridade que seria suficiente e não seriam precisas novas medidas, isto repetido pelo menos 4 vezes desde que tomou posse; depois de ouvir o discurso do Presidente da República e responder que este se esqueceu de referir a crise internacional (sim, porque antes da crise isto era um mar de rosas); depois de manter em execução e em planeamento projectos faraónicos que nunca trarão um retorno positivo ao país, como pode um país continuar a acreditar neste Primeiro-Ministro, e no Governo que dirige?
A manifestação do passado Sábado, identificada com a "Geração à Rasca", trouxe para a rua centenas de milhares de crianças, jovens, adultos e idosos que estão descontentes, revoltados e sentem-se insultados com o rumo que leva o país. Não podemos ser demagogos e achar que o país está bem, e que não precisamos de equilibrar as contas do país, como acham alguns. Mas o que é certo é que só com uma visão estratégica para o país, virada para o investimento em sectores produtivos e altamente geradores de riqueza, podemos continuar a acreditar num futuro de sucesso para o país.
Queremos a verdade, mostrem-nos a verdade, revelem o verdadeiro estado do país. Não se escondam atrás dos números, fazendo-nos crer que tudo está bem, à semelhança do que tem sido feito desde que este Primeiro-Ministro tomou posse no seu primeiro Governo. Mas não nos peçam mais apertos de cinto, venham eles de que partido vierem, sem reduzir verdadeiramente o peso do Estado na economia.
Sejam rigorosos, exigentes, justos e digam o que querem do país.
Há muito que se definiu para o país a imagem do rendimento mínimo: todos devem ter direito a um rendimento, mesmo que o país não seja capaz de gerar riqueza para garantir esse rendimento a quem não produz. É óbvio que quem não trabalha porque não pode, ou não consegue arranjar trabalho, deve ser apoiado, mas como se pode exigir a um trabalhador que se empenhe e gere riqueza, se o seu vizinho, não trabalha porque não quer, está em casa e tem uma vida muito mais folgada porque o Estado lhe disse que isso era possível, garantindo-lhe um rendimento?
Acabem com o clientelismo, com os tachos, com os boys e com os favores. Iniciem o mais rápido possível o processo de regionalização, onde os nosso dirigentes regionais sejam eleitos democráticamente, e tenham verdadeiro poder de decisão, em vez de serem escolhas totalmente políticas, e muitos sem qualquer poder de decisão, sendo apenas sorvedouros de dinheiros públicos sem qualquer efeito prático. Iniciem um processo de reforma administrativa do país, verdadeiro, apostando no equilíbrio entre municípios, com redefinição das receitas destes, que provenham substancialmente do investimento, da produção de riqueza e do consumo, em vez do sector imobiliário, como tem sido até hoje.
Apostem em verdadeiros serviços públicos, definindo os critérios em que estes se devem basear, mas entreguem-nos à gestão privada. Para que nos serve uma empresa pública de transportes ferroviários, se grande parte das linhas estão a encerrar, e só nos restam pouco mais do que as linhas do litoral do país? Para que queremos nós uma televisão pública, se podemos definir um serviço público de televisão, e entregá-lo a quem o fizer pelo preço mais baixo, fiscalizando obviamente a sua execução?
Porque se exige tanto à educação privada, ao nível de condições infra-estruturais, docentes, auxiliares, e tantas outras coisas, se no público nada disto é exigido, não há qualquer tipo de controlo e ainda hoje não se sabe o verdadeiro custo por turma ou aluno do serviço público?
E é mau termos empresas que dão lucros com a EDP, a Galp, ou outras? Obviamente que não, antes fossem todas a dar lucros. Mas não podemos dar lucros, e ser um mau exemplo de serviço público ao país. Pior são os casos das empresas que dão prejuízo, onde os seus administradores recebem salários elevadíssimos, e muitos recebem ainda prémios pelo "menor prejuízo".
Somos um país que há muito apostou no crescimento da riqueza do bolso de alguns, nunca apostando verdadeiramente na criação de empresas produtoras de bens ou serviços, com potencial exportador, e posteriormente na sua reformulação e adaptação, tornando-as competitivas para que se afirmassem no mercado pelo seu carácter inovador, e nunca pelos baixos custos de produção, sobretudo pelos baixos salários.
Por tudo isto, e por tanto mais, está na hora de mudar. Está na hora de apostar num verdadeiro caminho de crescimento e sucesso. Acabar com o Estado gastador sem retornos é a solução. Apostar num Estado que seja um meio e não um fim é o caminho. O Estado deve garantir que haja condições infra-estruturais, legais e políticas para que as pessoas apostem e invistam no seu país, criando riqueza e trabalho. Um dia um grande sábio disse que havia vida para além do défice. E foi a maior asneira política de sempre, que levou o país ao estado em que está. Se nessa altura se tivesse equilibrado as contas públicas de forma verdadeira e sustentada, hoje viveríamos com certeza numa situação melhor, e a vida além do défice seria bem melhor.
E termino esta "pequena" reflexão relembrando uma mensagem que vi este Sábado expressa num dos cartazes da manifestação da "geração à rasca": Sócrates, mete a austeridade no teu pacote".