Rica Casinha

O dia-a-dia deste mundo....

23 agosto 2010

Uma não verdade

Na nossa política é comum ouvir dizer que fulano faltou à verdade, ou sicrano disse uma não verdade, ou então inventam-se outras artimanhas para se dizer que fulano ou sicrano mentiram, por vezes até descaradamente e com quantos dentes têm na boca. Mas no fundo, estão apenas a faltar à verdade, o que parece muito menos grave.
Os últimos dias têm sido fartos em trocas de galhardetes sobre inverdades ou falsas verdades, o que nos leva a pensar que no fundo são todos uma cambada de mentirosos.
A última diz respeito às propostas para a revisão constitucional do PSD e o entendimento que outros partidos fazem delas. Até aí tudo bem, não fosse o facto de deturparem completamente o conteúdo das alterações e de facto mentirem sobre o que se pretende alterar. Inclusive falaram na proposta de eliminação dos impostos progressivos (taxa de imposto vai aumentando para os salários maiores, para quem não sabe) que é de facto uma falsidade, uma mentira melhor dizendo. A proposta do PSD pretende juntar alguns artigos e o artigo correspondente aos impostos progressivos passa a estar em conjunto com o artigo anterior. Mas o que interessa ao PS não é a verdade, é a mentira que arranca palmas e ovações durante os discursos.
Outro grande problema é o suposto fim do Sistema Nacional de Saúde ou da Escola Pública. Mais uma vez a mentira paira sobre este tema. Não pretende acabar com nada disto, pretende-se sim retirar da constituição a parte que diz respeito a que existam sistemas "tendencialmente gratuitos", passando a existir no texto a cláusula de que ninguém deixará de ter acesso ao sistema de saúde ou ensino por falta de meios, o que nos leva a concluir que quem tem meios paga por eles, e pode recorrer ao público ou ao privado, que o sistema é um só. Hoje o sistema não é tendencialmente gratuito e nunca vai ser porque não há recursos para tal. Mas é bonito continuar a fazer com que as pessoas acreditem que um dia será tudo gratuito.
A maior mentira de todas foi quando o Eng. recorreu ao exemplo de Obama e a sua reforma de saúde, considerando-a uma criação de um sistema nacional de saúde. Nada mais errado. Nos EUA nem todos têm seguro de saúde, por isso criaram-se regras e alteraram-se conceitos de forma a que todos tenham acesso a um seguro de saúde (quem tem dinheiro paga, quem não tem não deixa de ter acesso, certo?).

Mas o que interessa ao Engenheiro, ao João Tiago da Silveira, ao "Malhão" Santos Silva ou ao Sérgio Sousa Pinto é dizer falsas verdades para que o poder não lhes fuja das mãos...