Rica Casinha

O dia-a-dia deste mundo....

30 agosto 2010

Quem nunca pecou...

Um jornal Iraniano chamou prostituta a Carla Bruni, por ela ter defendido uma mulher acusada de adultério no Irão. Sabemos bem como são as acusações de adultério em alguns países, que até consideram a violação de uma mulher adultério, mas enfim, são contas de outros rosários. O que está em causa é o facto de um jornal, controlado pelas autoridades de um país, chamar prostituta à primeira-dama de outro, que até pode não ter qualquer poder ou estatuto definido pelas regras desse país, mas que merece todo o respeito e cordialidade que merece o seu marido, esse sim com direitos e estatutos constitucionais. Se um qualquer país, através dos seus dirigentes ou órgãos de comunicação por ele controlados, chamasse qualquer que fosse o nome a dirigentes ou respectivas esposas, teríamos o caldo entornado, com ameaças em nome de Deus e teríamos também os nossos grandes defensores das causas perdidas a defendê-los com unhas e dentes.
Como o insulto veio do outro lado da barricada, paciência. Coitadinhos, perdoai-os porque não sabem o que dizem.

23 agosto 2010

Uma não verdade

Na nossa política é comum ouvir dizer que fulano faltou à verdade, ou sicrano disse uma não verdade, ou então inventam-se outras artimanhas para se dizer que fulano ou sicrano mentiram, por vezes até descaradamente e com quantos dentes têm na boca. Mas no fundo, estão apenas a faltar à verdade, o que parece muito menos grave.
Os últimos dias têm sido fartos em trocas de galhardetes sobre inverdades ou falsas verdades, o que nos leva a pensar que no fundo são todos uma cambada de mentirosos.
A última diz respeito às propostas para a revisão constitucional do PSD e o entendimento que outros partidos fazem delas. Até aí tudo bem, não fosse o facto de deturparem completamente o conteúdo das alterações e de facto mentirem sobre o que se pretende alterar. Inclusive falaram na proposta de eliminação dos impostos progressivos (taxa de imposto vai aumentando para os salários maiores, para quem não sabe) que é de facto uma falsidade, uma mentira melhor dizendo. A proposta do PSD pretende juntar alguns artigos e o artigo correspondente aos impostos progressivos passa a estar em conjunto com o artigo anterior. Mas o que interessa ao PS não é a verdade, é a mentira que arranca palmas e ovações durante os discursos.
Outro grande problema é o suposto fim do Sistema Nacional de Saúde ou da Escola Pública. Mais uma vez a mentira paira sobre este tema. Não pretende acabar com nada disto, pretende-se sim retirar da constituição a parte que diz respeito a que existam sistemas "tendencialmente gratuitos", passando a existir no texto a cláusula de que ninguém deixará de ter acesso ao sistema de saúde ou ensino por falta de meios, o que nos leva a concluir que quem tem meios paga por eles, e pode recorrer ao público ou ao privado, que o sistema é um só. Hoje o sistema não é tendencialmente gratuito e nunca vai ser porque não há recursos para tal. Mas é bonito continuar a fazer com que as pessoas acreditem que um dia será tudo gratuito.
A maior mentira de todas foi quando o Eng. recorreu ao exemplo de Obama e a sua reforma de saúde, considerando-a uma criação de um sistema nacional de saúde. Nada mais errado. Nos EUA nem todos têm seguro de saúde, por isso criaram-se regras e alteraram-se conceitos de forma a que todos tenham acesso a um seguro de saúde (quem tem dinheiro paga, quem não tem não deixa de ter acesso, certo?).

Mas o que interessa ao Engenheiro, ao João Tiago da Silveira, ao "Malhão" Santos Silva ou ao Sérgio Sousa Pinto é dizer falsas verdades para que o poder não lhes fuja das mãos...

17 agosto 2010

Preso por ter cão...

Pedro Passos Coelho, alguém com algum carácter e que enfrenta razoavelmente a responsabilidade das coisas que diz, tem sido acusado pela oposição (Governo) por tudo, e até por nada, num esquema por vezes denominado por "preso por ter cão e preso por não ter". Se o homem fala na revisão constitucional, é porque é um irresponsável e quer acabar com o Estado Social. Se o homem não fala, é porque está a esconder a sua "agenda misteriosa". Se o homem entende que deve ajudar a oposição (Governo) a aprovar leis, é porque tem mesmo que ser assim, porque senão punha o país de pantanas, e é um irresponsável porque nem sequer apresenta alternativas. Quando diz que só aprova certas e determinadas coisas se cumprirem alguns requisitos, é porque é um chantagista e quer provocar uma crise política e eleições antecipadas e colocar o país num pântano (boa, como se a mudança de Governo fosse sempre o grande mal deste mundo). Se o homem diz que os políticos devem baixar os seus salários, não como uma forma de ajudar o país mas mais como uma forma de se solidarizar com o esforço dos portugueses, é porque é um demagogo e só quer medidas populistas e é um irresponsável porque não fala no que realmente interessa ao país. Quando a oposição (Governo) se entretém a aprovar medidas "relevantíssimas" para o país e este partido diz que isso podia ser melhor discutido e aprovado noutra altura, é porque são todos uma cambada de irresponsáveis e não se interessam pelo bem comum, e só querem saber das elites e etc e tal... Se o homem diz que os indicadores económicos estão a dar sinais de insustentabilidade e que é preciso novas medidas, sobretudo do lado do corte das despesas, é porque é um irresponsável e quer governar quando não foi escolhido para isso. Se a oposição (Governo) olha para os mesmos indicadores e diz que está tudo bem e que é preciso ter esperança em dias melhores (devem andar a ler "O Segredo"), e por isso são criticados, acusam o homem de ser um irresponsável e de não dar esperança ao país e só querer desgraças e ser um derrotista e demagogo e não querer enfrentar os principais problemas do país com RESPONSABILIDADE...
Conclusão: estamos mergulhados num pântano, e andam há meses a abanar-nos com a bandeira do "cuidado que as eleições antecipadas vão mergulhar-nos num pântano".

11 agosto 2010

Teatros de Guerra

As notícias dos últimos dias têm variado muito pouco, infelizmente. Os incêndios lavram por todo o país, com especial incidência no Norte, e parece que todos os meios são poucos para os combater. Alguns daqueles que têm como missão combater este flagelo perderam a sua vida quando davam tudo por tudo vencer esta batalha. E mesmo assim, este inimigo não dá tréguas. Se num dia um incêndio foi controlado, horas depois passa a activo novamente e fora de controlo... Mão criminosa? Segundo algumas fontes cerca de 90% destes incêndios têm de facto mão humana na sua génese, seja esta intencional ou não, não deixando por isso de ser criminosa. E o que acontece a quem dá origem a isto? Nada de relevante, como se sabe.
É tempo de mostrar que isto não é uma brincadeira. Não se pode permitir que haja tantos hectares de floresta ao abandono, sem limpeza, e que sejam um autêntico barril de pólvora. Hoje li que o Ministro da Agricultura não coloca de parte expropriar as propriedades que estejam abandonadas. Acho muito bem, até porque muitas delas têm donos que nunca lá puseram os pés, e outras tantas são de gente sem meios para as limpar (sim, porque nem todos os proprietários de terrenos são grandes empresários, ou grandes milionários, alguns recebem-nas de heranças e nem sabem o que lhes fazer).
Outra coisa que me faz alguma confusão é que haja zonas industriais colocadas no centro de zonas florestais e por isso seja uma das prioridades a sua protecção quando se combate um incêndio, como se tem visto por aí. Parece-me cada vez mais evidente que estar afastado de zonas florestais é uma questão de segurança, e se as zonas industriais são planeadas de acordo com determinados critérios, um deles deveria ser reservar uma área envolvente livre de árvores e outros elementos da natureza, que em caso de incêndio sejam um rastilho e acabem por colocar em risco as instalações que lá se encontrem, por muito inestético que isso possa parecer.
Em relação à punição dos criminosos deve o país parar para reflectir se tem leis que garantam uma real punição. A mim parece-me que, quando bem aplicadas, as leis são suficientes, mas Portugal continua a ser um sítio onde se protege tanto os culpados, que a certa altura parece que todas as leis foram feitas contra si, e no fundo até dá pena condená-los. Custa-me é pensar que, se um dia, um indivíduo qualquer, cansado de tanta luta, conheçer alguém que seja suspeito de crime de fogo posto, acabe por perder a cabeça e ponha fim à vida deste suspeito, até mesmo enviando-o para as labaredas que porventura tenha sido responsável, e no final acabe condenado a vários anos de prisão... a justiça pode parecer cega demais nestes momentos..

01 agosto 2010

Uma Aventura...

Ouvir e ver a actual ministra da educação falar com o seu grande sorriso, e facilidade em lidar com as palavras, deixaria-nos a todos contentes e orgulhosos do seu país, no que diz respeito a educação, isto se ignorássemos o conteúdo do que ela nos diz. A ideia de hoje é acabar com os chumbos ou reprovações no ensino obrigatório. Claro... ideia de base Sócrateana, baseada nos mais simples critérios estatísticos, ou seja, não interessa a qualidade, o que interessa é a quantidade. E se não é possível diminuir reprovações, vamos então acabar com elas de vez.

Em vez de se aumentar a exigência, o rigor, e requerer aos alunos comportamentos e atitudes adequadas e responsáveis, faz-se exactamente o contrário, ou seja, facilita-se. No limite daqui a uns anos, os alunos passam a entrar na Universidade por portaria ou decreto, uma vez que as suas notas não conseguem alcançar tal feito.

Aplicar métodos escandinavos no nosso país parece ser sempre a solução, mas esquecem-se que nós não somos suecos, e nem tudo o que corre bem num país, vai correr bem noutro. Mas da maneira que isto anda, já nada nos espanta. Quando se fala em revisões constitucionais, cai o carmo e a trindade. Quando se fala em propostas do Governo, como esta, dá-se-lhe uma relativa importância, mas as vozes esclarecidas deste país fogem para os seus mais íntimos recantos e não se lhes ouve qualquer recado. É triste, mas é o país que temos...